Por Mestre Adamastor
Prazos inegociáveis, orçamentos no limite e performance impecável, o MBA da Sapucaí
O Carnaval é um dos maiores espetáculos do planeta. Mas, por trás das cores vibrantes, dos ritmos contagiantes e da emoção que envolve milhões de pessoas, existe algo que o mundo corporativo pode — e deve — aprender: a Gestão de Alto Nível.
As escolas de samba movimentam milhões de reais por ano, negociam patrocínios, cumprem prazos inadiáveis e coordenam milhares de pessoas, muitas delas voluntárias, movidas exclusivamente pela paixão. E tudo isso é realizado com planejamento, organização e estratégia dignos das empresas mais bem estruturadas.
O modelo de gestão participativa
O segredo do sucesso está no engajamento, na Gestão de Pessoas — o calcanhar de Aquiles de muitas organizações. Nas escolas, cada integrante entende seu papel e a importância dele para o resultado final. E, para que as atividades fluam, alguns pilares são essenciais:
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- Motivar e integrar equipes, criando um ambiente de confiança mútua;
- Gerar pertencimento e comprometimento, fazendo com que cada um sinta que sua contribuição é essencial;
- Transformar pessoas em parceiros, não em concorrentes, estimulando colaboração em vez de disputa interna;
- Estabelecer comunicação clara e constante, para alinhar objetivos e evitar ruídos que prejudiquem a performance;
- Promover reconhecimento e valorização, celebrando conquistas e reforçando comportamentos positivos;
- Estimular o desenvolvimento contínuo, com capacitação e troca de experiências entre diferentes áreas;
- Exercer liderança inspiradora, que motiva pelo exemplo e não apenas pela autoridade;
- Praticar a gestão da diversidade, aproveitando talentos e perspectivas de pessoas de diferentes origens, idades e histórias.
Paixão como combustível para a performance
O diferencial das escolas de samba é algo que muitas empresas desejam, mas poucas conseguem alcançar: profissionais qualificados, motivados e, principalmente, apaixonados pelo que fazem. Esse entusiasmo se traduz em criatividade, senso de equipe e superação de desafios — mesmo sob pressão e com recursos limitados.
Assim, as escolas de samba mostram que a verdadeira força de uma organização está nas pessoas e na forma como elas são inspiradas, lideradas e conectadas a um propósito maior. E é exatamente isso que muitas empresas buscam, mas nem sempre conseguem atingir.
Paralelo entre Escola de Samba e Empresa
A estrutura organizacional das escolas é tão robusta e estruturada quanto a de uma grande corporação. Podemos fazer alguns comparativos:
Escola de Samba – Empresa – Habilidades
- Presidente e Diretoria – CEO e Conselho de Administração – Define estratégias e toma decisões críticas.
- Carnavalesco – Diretor de Criação/ Inovação – Cria o produto final e garante identidade e impacto.
- Mestre de Bateria – Gerente de Operações – Coordena tempo, ritmo e execução com precisão
- Direção de Harmonia – Recursos Humanos – Integra equipes, resolve conflitos e mantem motivação
- Comissão de Carnaval – PMO (Escritório de Projetos) – Planeja, controla prazos e orçamentos.
- Ateliês e Barracão – Produção e Logística – Transforma ideias em realidade física.
- Ala de Passistas e Interprete – Marketing e Experiência do Cliente – Encantam e comunicam com o público.
- Assessoria de Imprensa e Comunicação – Comunicação Corporativa – Garante a imagem e reputação da organização.
Gestão Estratégica e Prazos Inegociáveis
O desfile é a “entrega final” e não pode ser adiado. Carnaval tem data e hora para acontecer — costumo enfatizar isso em todos os meus treinamentos. Para tanto, é preciso ter:
· Planejamento estratégico;
· Cronogramas rígidos e cumpridos à risca;
· Aproveitamento inteligente de recursos (criatividade + reciclagem).
No Grupo de Acesso (equivalente à segunda e terceira divisão), onde os recursos são menores, a lição é ainda mais clara: inovação não é luxo, é necessidade.
Lições para as empresas
1 – Engajamento move resultados Pessoas motivadas e alinhadas entregam mais.
2 – Integração de áreas é essencial Sem harmonia entre setores, o “desfile” não acontece.
3 – Prazo é compromisso Não existe “depois a gente entrega”.
4 – Criatividade e eficiência andam juntas Recursos bem aplicados valem mais que grandes orçamentos.
Assim, as escolas de samba mostram que gestão participativa, visão estratégica e cultura de pertencimento são capazes de transformar qualquer desafio em um espetáculo memorável, digno de NOTA 10 e de campeonato.
Reginaldo T. Batista de Souza – mais conhecido como Mestre Adamastor, é Palestrante Internacional formado em Administração de Empresas, além de Mestre de Bateria e Presidente de Escola de Samba.

